Texto: Giulia S.Marchiori
Saiba mais do porque não devemos utilizar essa ferramenta !
Você já deve ter ouvido falar que para picadas de serpentes nada melhor do que um torniquete como procedimento de primeiro socorro! Mas será mesmo que essa é uma indicação correta?
Figura 1. À esquerda a ilustração de uma espécie peçonhenta após picar a perna de uma pessoa. À direita a ilustração mostra o uso de um torniquete. Autor: Rhayan Gabriel de Souza Silva.
Caso não se lembre, o torniquete é aquele dispositivo de compressão usado para o controle do fluxo sanguíneo e que supostamente não deixaria o veneno se espalhar pelo organismo, diminuindo o risco de sequela ou morte da vítima. Porém, a utilização é contraindicada em casos de acidentes ofídicos, pois faz com que o veneno aja de forma mais acentuada no local podendo causar ainda mais complicações como: necrose, infecções secundárias, hemorragias e até mesmo a necessidade de amputação do membro.
O mesmo podemos falar de outros métodos comumente utilizados, como por exemplo, fazer perfurações no local da picada ou sugar o local da ferida na intenção de retirar as toxinas inoculadas pela serpente. No primeiro caso, existe grande chance da perfuração ocasionar hemorragia e infecções, já no segundo, além de não conseguir retirar esse veneno, isso pode fazer com que bactérias penetrem na ferida e piorem o quadro de saúde do acidentado. Então, se esses procedimentos não devem ser realizados, o que podemos fazer em casos de acidentes ofídicos?
Figura 2. Foto de uma Bothrops jararaca (Wied,1824) mostrando as presas. Autor: Rafael Scherrer Mathielo.
Em casos de acidentes com serpentes peçonhentas, é importante manter a vítima calma, evitando o esforço físico para que os batimentos cardíacos não acelerem e o veneno não se espalhe ainda mais rápido. Além disso, a hidratação da vítima é primordial, já que existe o risco de insuficiência renal em alguns casos. Por fim, deve-se lavar o local da picada apenas com água e sabão e procurar um atendimento hospitalar o mais rápido possível para a administração do soro antiofídico.
Bom, acredito que os motivos de não utilizar o torniquete em casos de picada por serpentes foram esclarecidos e agora você também sabe quais são os procedimentos indicados!
Referências:
BERNADE, P. S. Serpentes peçonhentas e acidentes ofídicos no Brasil. Curitiba-PR: Editora Nexo Design, 2014.
CARDOSO, J. L. C. Animais peçonhentos no Brasil: biologia, clínica e terapêutico dos acidentes. São Paulo, SAVIER, 2009.
NAKAMOTONE, G. J. Mitos e verdades em caso de acidentes com serpentes. AUN USP. 2014. Disponível emhttp://www.usp.br/aun/antigo/exibir?id=5830&ed=1031&f=15. Acesso em: 29 nov. 2021.
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