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Foto do escritorHerpeto Capixaba

Segredos escamosos: os sentidos surpreendentes das serpentes


Redação: Bruno Batista Cassiano

Revisão: Nathana Bressan




As serpentes são répteis fascinantes, porém, mal compreendidos, possuindo características que as tornam grandes mestres da adaptação. Sua longa história evolutiva as tornaram predadores eficientes, capazes de explorarem diferentes habitats ao redor do globo.

Uma das características marcantes das serpentes é a ausência de ouvidos externos e internos. Isso não significa, no entanto, que elas sejam incapazes de perceber sons. As serpentes possuem uma forma peculiar de "ouvir" através da percepção de vibrações no solo. Quando um animal se move ou um objeto cai, as ondas sonoras geram vibrações que se propagam pelo solo. Essas vibrações são captadas pelas escamas da barriga da serpente e transmitidas aos ossos internos, permitindo que o animal detecte a fonte da vibração. Essa habilidade é crucial para a localização de presas e a detecção de predadores.

Fig. 1: Escamas ventrais de Bothrops jararacussu, em evidencia método de marcação de captura. Foto: Freitas et.al; 2023 Outra característica distintiva das serpentes é a ausência de pálpebras móveis. Seus olhos são cobertos por uma escama transparente, que funciona como uma lente de contato permanente. Essa adaptação proporciona uma visão contínua, sem a necessidade de piscar. Embora não tenham a mesma capacidade de visão em cores que os humanos, muitas serpentes possuem uma visão excelente, especialmente para detectar movimentos. Algumas espécies, como as cascavéis, possuem fossetas loreais, órgãos sensoriais localizados entre os olhos e as narinas, que detectam o calor emitido por animais de sangue quente. Essa capacidade é essencial para a caça noturna e em ambientes pouco iluminados.

Figura 2: Olhos e fosseta loreal (Bothrops sp.). Foto: Núcleo de Proteção Ambiental - NPA A língua bifurcada das serpentes é um dos seus órgãos mais importantes. Ao bifurcar a língua e recolhê-la na boca, as serpentes capturam partículas do ar carregadas de moléculas odoríferas. Essas partículas são então transferidas para um órgão especial localizado no céu da boca, o órgão de Jacobson. Esse órgão analisa as moléculas e fornece à serpente informações detalhadas sobre o ambiente ao seu redor, como a presença de presas, predadores ou possíveis parceiros. A língua da serpente é um órgão sensorial extremamente sensível, que permite a esses animais detectarem cheiros a longas distâncias.




Outra peculiaridade sobre as serpentes, é que possuem uma variedade de formas de locomoção, que se adaptam aos diferentes habitats que ocupam. Algumas das formas mais comuns de locomoção incluem:


  • Serpenteamento: A forma mais conhecida de locomoção, onde a serpente cria ondas laterais que a impulsionam para frente.

  • Retilínea: Nesse tipo de locomoção, a serpente se move em linha reta, levantando e empurrando seu corpo contra o solo.

  • Concertina: A serpente forma curvas em seu corpo, fixando algumas partes e empurrando outras para frente.

  • Lateral: A serpente se move lateralmente, pressionando seu corpo contra uma superfície irregular.



As serpentes são criaturas fascinantes e complexas, com adaptações únicas que lhes permitem sobreviver em diversos ambientes. Ao compreendermos melhor esses animais, podemos apreciar sua importância ecológica e reduzir o medo e a perseguição que muitas vezes sofrem. É importante lembrar que a maioria das serpentes não representa uma ameaça aos seres humanos e que a coexistência é possível.






Referências:


Freitas, I. L.; Feio, R. N.; Assis, C. L. Eficácia da marcação de serpentes por cortes nas escamas ventrais. Simpósio de Integração Acadêmica: Universidade Federal de Viçosa, 2023. Disponível em: <https://www3.dti.ufv.br/sia/vicosa/2023/trabalhos/19959/arquivo> Acesso em 24 out 2024.

Núcleo de proteção animal.  Fosseta loreal e fosseta labial. NPA Bombeiro; novembro de 2013. Disponível em: <https://npabombeiro.blogspot.com/2013/11/fosseta-loreal-e-fosseta-labial.html>  Acesso em 24 out 2024.

Shine, Richard. (1998). Cobras australianas: uma história natural / Richard Shine . Floresta francesa: Reed New Holland.


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