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Foto do escritorHerpeto Capixaba

O VENENO DE SAPO PODE SALVAR VIDAS!

Atualizado: 20 de abr. de 2019

Texto: Juliana Alves


Sapo-cururu, Rhinella dyptcha - Fotografia: Thiago Silva-Soares

O universo dos anfíbios e répteis contém diversas curiosidades e um dos nossos papéis é desmistificar os mitos que o senso comum cria em cima de seres tão interessantes e que as vezes têm suas características e potenciais pouco conhecidos.


Quando pensamos em veneno, o que nos vem à mente em primeiro é o quão maléfica uma toxina pode ser a qualquer organismo que entre em contato. Entretanto, a partir de uma toxina de origem biológica é possível também extrair algum benefício quando envolvemos um olhar diferente e esforços de pesquisas específicos.


Sendo assim, novas linhas de pesquisa podem ser desenvolvidas, em especial na área da saúde, fator que nos guia a dedicar uma atenção mais especial para a herpetofauna, uma vez que sua diversidade também está presente quando o assunto é veneno, abrangendo tanto espécies raras quanto as mais comuns, mostrando que cada uma tem sua devida relevância, o que constatamos com o gênero Rhinella, por exemplo, mais conhecido como sapo-cururu.


Este possui glândulas de veneno nas laterais do crânio chamadas paratóides. Estas glândulas são capazes de armazenar uma grande quantidade de toxina que, ao ser extraída e isolada em laboratório, apresenta potencial para o uso na medicina! Isso mesmo! Os sapos também são importantes em pesquisas que visam o benefício humano diretamente!


As primeiras pesquisas foram realizadas com a espécie Rhinella jimi, um sapo-cururu da Caatinga. Após a extração do veneno e a investigação da substância, foi identificada uma molécula chamada Helebrigenina. Esta molécula também está presente em outros anfíbios do gênero, como por exemplo o nosso grande amigo da foto, Rhinella dyptcha (antiga, R. schneideri, espécie abundante no Espírito Santo) logo tendo o mesmo potencial para novos estudos.


Mas como a Helebrigenina pode ajudar? No Brasil há as chamadas doenças negligenciadas, como por exemplo a Leishmaniose causada pelo protozoário Leishmania e a Doença de Chagas causada pelo protozoário Trypanossoma cruzi. A Helebrigenina encontrada no veneno de Rhinella é capaz de destruir os agentes causadores dessas doenças sem prejudicar as células humanas, permitindo que novos medicamentos - menos tóxicos como os á base de antimônio que são usados até hoje - possam ser produzidos.


E não vamos esquecer da importância ecológica que apresentam para o equilíbrio do meio ambiente sendo os principais predadores de vetores de doenças como os mosquitos. Preservar esses animais auxilia na busca de caminhos para o controle e cura de doenças que acometem milhares de pessoas no Brasil todos os anos!


Herpeto Capixaba - Pelo conhecimento e conservação dos Anfíbios e Répteis do Espírito Santo.


Referências bibliográficas

Tempone A.G., Pimenta, D.C., Lebrun, I., Sartorelli P., Taniwaki, N.N., de Andrade H.F. Jr., Antoniazzi, M.M., Jared, C. Antileishmanial and antitrypanosomal activity of bufadienolides isolated from the toad Rhinella jimi parotoid macrogland secretion.Toxicon. 52: 13-21, 2008.

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