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O INCRÍVEL FENÔMENO DE FLUORESCÊNCIA EM PERERECAS



Texto: Thais Santos Nascimento

Revisão: Vinícius Mendes



Você sabia que existem não apenas uma, mas duas espécies de pererecas fluorescentes? E que, surpreendentemente, essas duas espécies podem ser encontradas aqui no Brasil? Vamos conhecê-las e compreender como esse fascinante fenômeno de fluorescência funciona.


Figura 1: Boana punctata exibindo fluorescência sob luz ultravioleta (UV). Fonte: C. Taboada e J. Faivovich, MACN - CONICET/AFP, 2017.



Em 2017, o pesquisador Carlos Taboada e seus colaboradores fizeram uma descoberta surpreendente ao identificar duas espécies de anfíbios com capacidade de fluorescência: a Boana punctata e a Boana atlântica (Taboada et al., 2017a). Pertencentes à família Hylidae, a Boana punctata pode ser encontrada em diversos países da América do Sul, incluindo o Brasil, enquanto a Boana atlântica é endêmica do nordeste brasileiro (Frost, 2024). Essas pererecas são notáveis pela sua paleta de cores vibrantes, que inclui um dorso verde e manchas distribuídas pelo corpo em tons de amarelo e vermelho, característica bem marcante em Boana punctata (Figura 2).

Figura 2: Espécies Boana punctata (A) e Boana atlântica (B) em seus habitats naturais. Notável semelhança entre as duas espécies, não é? Fonte: Boana punctata (A), Pavel Kirillov, 2014; Boana atlântica (B), Aléssio F., 2018. Adaptado pela autora.



Entretanto, a verdadeira beleza aparece quando essas pererecas são iluminadas com luz ultravioleta (UV). Suas cores se transformam, revelando uma brilhante coloração verde fluorescente. Essa mudança ocorre devido à presença de moléculas específicas nos tecidos serosos dessas pererecas: a Hyloin-L1, Hyloin-L2, Hyloin-G1 e biliverdina (Taboada et al., 2017b). Essas moléculas absorvem comprimentos de ondas curtos da luz UV e emitem comprimentos de onda mais longos, criando o efeito fluorescente.



Figura 3: Boana atlântica (A) e Boana punctata (B) sob luz UV-azul (400 nm). O filtro fotográfico usado na imagem de Boana punctata elimina a luz ambiente, destacando apenas a fluorescência verde brilhante.Fonte: C. Taboada, A. Brunetti, C. Alexandre, M.Lagorio e J. Faivovich, 2017. Adaptado pela autora. Mas por que essas espécies têm essa fluorescência? Os pesquisadores acreditam que essa capacidade de fluorescência é facilitada por uma combinação de características únicas, como pele translúcida, peritônio e bexiga urinária brancos, que ajudam a emitir a luz absorvida de maneira eficiente (Taboada et al., 2017a). No entanto, a verdadeira razão biológica e ecológica por trás dessa fluorescência ainda é um mistério que continua a intrigar os pesquisadores. Será que a fluorescência desempenha algum papel na comunicação ou seleção sexual? Ou será que ela tem alguma utilidade na camuflagem ou na proteção contra predadores? O que você acha?


Esta matéria foi uma das selecionadas em nosso processo seletivo para redator

Referências

FROST, D.R. Amphibian Species of the World: an Online Reference. Electronic Database Version 6.2. American Museum of Natural History, New York, USA, 2024. Disponível em: https://amphibiansoftheworld.amnh.org/index.php. . doi.org/10.5531/db.vz.0001


TABOADA, C.; BRUNETTI, A.E.; ALEXANDRE, C.; LAGORIO, M.G.; FAIVOVICH, J.

Fluorescent Frogs: A Herpetological Perspective. South American Journal of Herpetology, v.

12, n. 1, p. 1-13, 2017a.

TABOADA, C.; BRUNETTI, A.E.; PEDRON, F.N.; NETO, F.C.; ESTRIN, D.A.; BARI, S.E.; CHEMES, L.B.; LOPES, N. P.; LAGORIO, M.G.; FAIVOVICH, J. Naturally occurring fluorescence in frogs. Proceedings of the National Academy of Sciences (PNAS), v. 114, n. 14, p. 3672-3677, 2017b.


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