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Foto do escritorHerpeto Capixaba

NESSE MATO TEM COBRA NOVA!

Texto: Bruno Batista Cassiano

Revisão: Nathana Bressan


Um estudo recente revelou a existência de uma nova espécie de surucucu, a maior serpente peçonhenta das Américas. A pesquisa, publicada na revista científica Systematics and Biodiversity, analisou amostras genéticas, morfologia e veneno de populações da espécie Lachesis muta, anteriormente considerada uma única unidade taxonômica, e identificou diferenças significativas entre os indivíduos da Amazônia e da Mata Atlântica.

Lachesis muta (Linnaeus, 1766); imagem retirada do próprio artigo (Hamdan et al., 2024)

As análises genéticas mostraram que as duas populações possuem histórias evolutivas distintas, indicando que se tratam de espécies diferentes. A população da Amazônia manteve o nome científico Lachesis muta, enquanto a população da Mata Atlântica foi renomeada como Lachesis rhombeata, nome já utilizado no século XIX.

As principais diferenças morfológicas entre as duas espécies incluem o número de escamas no ventre, a espessura da faixa preta após os olhos, o comprimento total do corpo, o tamanho da cabeça e da cauda, além de variações na composição do veneno.

Lachesis rhombeata (Wied-Neuwied, 1824); imagem retirada do próprio artigo (Hamdan et al., 2024).


A espécie Lachesis rhombeata, apresenta menor diversidade genética e já foi considerada extinta ou ameaçada de extinção em algumas regiões da Mata Atlântica, como Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Essa menor diversidade genética indica que a espécie é mais vulnerável à extinção e requer medidas de conservação mais rigorosas.


O estudo também identificou uma população de surucucus na Serra de Baturité, no Ceará, geneticamente distinta das demais e com potencial para ser considerada uma nova espécie. Essa população encontra-se em uma área crítica de perda de habitat e necessita de medidas urgentes de proteção.


Os resultados dessa pesquisa destacam a importância de estudos taxonômicos para a compreensão da biodiversidade e para a definição de estratégias de conservação. A redescoberta de uma espécie de surucucu na Mata Atlântica ressalta a necessidade de proteger os ecossistemas brasileiros e de investir em pesquisas científicas para conhecer e preservar a rica biodiversidade do país.




Leia o artigo na íntegra aqui: HAMDAN et al. When a name changes everything: taxonomy and conservation of the Atlantic bushmaster (Lachesis Daudin, 1803)(Serpentes: Viperidae: Crotalinae). Systematics and Biodiversity, v. 22, n. 1, p. 2366215, 2024. Disponível em: <https://www.researchgate.net/publication/382457061_When_a_name_changes_everything_taxonomy_and_conservation_of_the_Atlantic_bushmaster_Lachesis_Daudin_1803_Serpentes_Viperidae_Crotalinae.> Acesso em 03 set 2024.


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