Texto: Ubiratã Ferreira
De onde viemos?
Um de nossos grandes questionamentos sempre foi em saber de onde viemos, de quem evoluímos e como evoluímos, entender e compreender as lacunas da vida, de como ela se apresenta. Desde de Tales de Mileto (624 a.C. - 546 a.C) um dos primeiros filósofos, propôs o princípio “Arché”, do grego: antigo ou origem. Essa ideia implicava de que para compreendermos quem somos tínhamos de conhecer as nossas origens. Ele deu a proposta, que a essência da vida era e é a água. Uma ideia pioneira, mas para nós, nos dias atuais, de grande significado. Hoje compreendemos que os primeiros organismos se desenvolveram na água e partir daí,a explosão de diversidade em padrões inimagináveis que marcaram a história da vida na Terra.
Os primeiros a pisarem na terra Se olharmos com atenção, conseguimos enxergar semelhanças entres os animais terrestres, e entender como se movem diz muito sobre a sua história. De certo, o que nos dá algo em comum, uma origem, os tetrápodes. Como salientado, foi na água onde tudo começou. A partir de um grupo de peixes chamados de Sarcopterygii, peixes que se caracterizam por serem peixes ósseos, de nadadeiras lobadas, compostas por pares ósseos e musculatura bem desenvolvida, o que permitiu seus representantes saírem da água e se aventurarem no ambiente terrestre. Desses questionamentos, saber como os primeiros tetrápodes pisaram em terra se consolidou uma dúvida abrasadora, tínhamos fósseis das lacunas do Devoniano, de representantes mais tardios como Ichthyostega e o Acanthostega (tetrápodes = quatro membros locomotores), isto é, tipos de anfíbios primitivos, os primeiros vertebrados a conquistarem o ambiente terrestre. Todavia, ainda se mostrava uma lacuna discrepante nos seus respectivos períodos e não caracterizava uma ligação sólida à linhagem de peixes sarcopterygianos.
Filogenia de grupos dos primeiros tetrápodas, já extintos. Fonte: Daeschler et. al.
Um grande achado
Em 2006, na cidade de Nunavut, Canadá, foi descoberto um fóssil de um peixe primitivo sarcopterygiano, cuja as proporções do crânio foram remodeladas, a série de ossos conectando a cabeça e o ombro foi perdida e a região que se tornaria a orelha média foi modificada. Ao mesmo tempo, membros singelos formulando as caracterizações de dígitos, a cintura escapular e a pelve foram alteradas, as costelas expandidas e as conexões ósseas entre as vértebras, desenvolvidas, entretanto ainda possui características comuns de peixes, como escamas e barbatanas, os pesquisadores o descreveram como Tiktaalik roseae. O seu conhecimento nos permitiu o preencher essa lacuna, um ramo de transição, promovendo a ligação do Panderichtys ao Acanthostega. Desta forma, tal achado foi de grande importância para ciência, para compreender como os grupos atuais se comportam e de onde vieram suas características. Portanto, entender as origens e as relações evolutivas entre os primeiros grupos animais, em parte, é também entender quem somos no contexto atual e qual o nosso papel para a sobrevivência da biodiversidade na Terra.
Reconstituição do Tiktaalik roseae. Fonte: National Science Foundation.
Referências:
Daeschler, E. B., Shubin, N. H., & Jenkins, F. A. (2006). A Devonian tetrapod-like fish and the evolution of the tetrapod body plan. Nature, 440(7085), 757–763.
Tales de Mileto. 1996. Doxografia. In: Os pré-socráticos. Trad. Wilson Regis. Editora Nova Cultuta ltda.
Shubin, N. H., Daeschler, E. B., & Jenkins, F. A. (2006). The pectoral fin of Tiktaalik roseae and the origin of the tetrapod limb. Nature, 440(7085), 764–771.
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